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Pensamento do dia


"Como um viajante que erra o caminho e, assim que se apercebe, rapidamente retorna à estrada correta, assim também você continue a meditar sem se fixar nas distrações." (São Pio de Pietrelcina)

terça-feira, 12 de abril de 2011

Entrevista com Moyses Azevedo - Fundador Com. Shalom

Moysés Azevedo - Fundador da Com. Shalom
Moysés Azevedo - Fundador da Com. Shalom

"O primeiro direito do homem é o da liberdade religiosa, porque esta diz respeito à liberdade de consciência".

Atualmente, mais de 200 milhões de cristãos - em 60 países do mundo - enfrentam intensa perseguição e mais de 250 milhões sofrem alguma forma de discriminação. De fato, os números são alarmantes, sobretudo ao constatarmos que um em cada três cristãos sofre perseguição; e a cada dez pessoas no planeta, uma trata-se de um cristão perseguido em sua fé.

Como resposta, a Igreja tem procurado superar este grande desafio sem perder a sua identidade: cristãos do mundo inteiro têm enfrentado a intolerância religiosa e o drama da perseguição, testemunhando com alegria e autenticidade os valores do Evangelho e empenhando-se cada vez mais na busca do diálogo inter-religioso.

Moysés Azevedo, fundador da Comunidade Católica Shalom e consultor do Pontifício Conselho para os Leigos, fala sobre o direito que todo ser humano tem à liberdade religiosa.


Clique AQUI para ouvir esta entrevista na íntegra



cancaonova.com: Como fundador de uma comunidade católica, que é uma das pioneiras na evangelização do Oriente Médio - região conhecida pelos constantes conflitos religiosos - quais são, em sua opinião, as causas para tanta intolerância religiosa nos dias atuais?

Moysés Azevedo: Estas causas têm duas vertentes. Uma primeira vertente existente, (eu diria que também no Ocidente e não só no Oriente Médio) na qual esta intolerância religiosa nasce de certo laicismo, de uma sociedade secularizada que, muitas vezes, quer viver como se Deus não existisse, não querendo colocá-Lo no centro da sociedade. Então, Deus, Igreja e religião são “assunto privado” e não um assunto público. Isso é uma negação da nossa origem como civilização cristã ocidental. A nossa civilização ocidental nasceu nos valores do Evangelho e de Cristo. E desta forma, sem querer, nós vamos negando os elementos fundamentais da nossa sociedade. Nós não queremos fazer uma sociedade “teocrática”, na qual os valores religiosos são impostos. No entanto, nós não podemos negar as origens de nossa sociedade, que têm os valores do Evangelho. A liberdade religiosa exige o nosso testemunho cristão.

Quanto ao Oriente Médio, eu acredito que uma das grandes causas se deve ao fato da ausência destes valores que, de certa forma, são frutos do Evangelho de Cristo e da presença da Igreja no Ocidente. Mas se nós agirmos com simplicidade, humildade e, ao mesmo tempo, darmos testemunho cristão e compartilharmos nossa fé, eu acredito que podemos contribuir – e muito – para a tolerância e o respeito com a pessoa humana e a liberdade que ela tem em fazer opções fundamentais no que diz respeito à própria fé.


cancaonova.com: Um motivo de preocupação para a Igreja tem sido o fato de que a liberdade religiosa, sobretudo dos cristãos, tem sido profundamente violada em diversos países. De que forma as Novas Comunidades podem contribuir para que estes cristãos perseguidos em sua fé possam perseverar? E como tem sido a atuação dos missionários de sua comunidade neste sentido?
Moysés Azevedo: Quando a gente fala sobre a história da Igreja, remonta-se aos primeiros séculos do Cristianism e ouve-se que o primeiro século é considerado o “Século dos mártires”. E isso é verdade. No entanto, alguns historiadores afirmam que, no século passado e em nosso século atual, estes têm sido um tempo de maior martírio e maior perseguição à Igreja do que houve nos primeiros séculos do Cristianismo. E, de fato, isso tem ocorrido tanto no Ocidente quanto no Oriente, sobretudo naquelas sociedades nas quais a Igreja não encontra liberdade para se expressar e para contribuir. E, neste aspecto, eu acredito que as Novas Comunidades colaboram com um testemunho bem particular. Por quê? Porque as Novas Comunidades – e principalmente nós brasileiros – quando chegamos a esses locais, levando nossa juventude e nossa alegria, mostramos às pessoas um “outro rosto” da Igreja. E isso quebra muitas barreiras. Temos contribuído muito nessa dimensão, levando uma face da Igreja jovem e viva.

Quantos aos missionários da Comunidade Shalom, nos diversos países onde nos encontramos, nosso objetivo é o de trazer um testemunho de ânimo àqueles cristãos que ali vivem e que, muitas vezes, se encontram numa situação de abandono e de isolamento. E juntos com a Igreja local, unidos ao bispo daquela diocese, vamos animando a fé das pessoas. E isso sem realizar nenhum tipo de proselitismo e procurando, por meio da amizade e do testemunho autêntico de uma vivência cristã, mostrar aos cristãos que podemos contribuir com os nossos irmãos ao levarmos a riqueza do Evangelho, mesmo àqueles de outra religião, favorecendo assim o diálogo inter-religioso.



"A intolerância religiosa é uma agressão à liberdade do coração humano", afirma o entrevistado

Foto: Wesley Almeida / CN



cancaonova.com: É possível aos cristãos que vivem em locais onde há intolerância religiosa testemunharem a fé de forma autêntica sem colocar em risco a própria vida? De que forma isso se daria?
Moysés Azevedo: Infelizmente, eu devo dizer que é uma situação de grande risco em alguns lugares. Não em todos. Temos visto o que ocorre no Paquistão, um país que até então possuía certa tradição de tolerância religiosa. Mas com a penetração de ideologias fundamentalistas neste país, atualmente ele vive momentos de grande perseguição contra os cristãos. Recentemente, foi morto o representante das minorias religiosas, que era um católico. Há menos de quinze dias, ele esteve numa audiência com o Papa Bento XVI e acabou sendo assassinado. E aqui não se trata de uma questão contra os Estados ou contra os povos, e sim contra esta crescente intolerância religiosa que temos visto em alguns países. Existem alguns lugares onde os cristãos nem podem viver o culto a Deus.

O primeiro direito do homem, que é a origem de todos os outros direitos humanos, é o direito à liberdade religiosa, porque esta diz respeito à liberdade da consciência. Então rezamos e nos unimos aos nossos irmãos que vivem nesses lugares de intolerância religiosa. Unimo-nos em esperança para que, em breve, possamos usufruir de um ambiente de maior tolerância e liberdade religiosa.


cancaonova.com: Os missionários cristãos, presentes nestas regiões onde há grande intolerância religiosa, vivem inúmeros desafios para evangelizar. Qual a sua mensagem para estes nossos irmãos?
Moysés Azevedo: Quero deixar, primeiramente, esta mensagem para os missionários e depois para todos os cristãos. Para os meus irmãos missionários, digo que quis Nosso Senhor enviá-los em missão numa situação adversa. Mas eu sei que o Espírito do Senhor os precede. No meio de tantas pessoas que encontrarão, vocês irão se deparar com pessoas sedentas do Evangelho, do amor e da verdade. Vocês não estão sozinhos. A Igreja está com vocês e ela os fortalece na fé. Saibam que o amor de Cristo é capaz de superar qualquer barreira. Coragem! Firmeza! Muita paciência e humildade, porque nosso intuito não é impor, mas sim comunicar de graça o que de graça recebemos.

E aos demais cristãos, e àqueles que são de outra religião, eu digo que o diálogo inter-religioso – como a Igreja nos propõe – é um caminho seguro para que os homens de boa vontade possam construir um mundo fundamentado na paz, na verdade e na justiça. Nós podemos construir um mundo melhor. A intolerância religiosa, na verdade, é uma agressão à liberdade do coração humano. É uma agressão a todo homem. A todos nós, homens e mulheres de fé, que possamos ser os primeiros capazes de defender a liberdade do coração do homem e da sua consciência na busca da verdade, pois, no fundo, é isso que o Evangelho nos propõe.

Fonte: CN

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