Principal Movimento Agenda Localidades Downloads Livro de Visitas Fotos Fotos

Pensamento do dia


"Como um viajante que erra o caminho e, assim que se apercebe, rapidamente retorna à estrada correta, assim também você continue a meditar sem se fixar nas distrações." (São Pio de Pietrelcina)

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Menino com síndrome de down comove milhares no Facebook falando a favor da vida

REDAÇÃO CENTRAL, 31 Out. 11 / 01:49 pm (ACI/EWTN Noticias)

Uma fotografia na qual se aprecia um sorridente menino com síndrome de down sustentando um pôster com um breve "resumo" de sua vida comoveu usuários do Facebook por seu tocante testemunho.
(foto We can end abortion)

 Na foto se aprecia ao pequeno sustentando um pôster que, em inglês, diz o seguinte:

 "Talvez não seja perfeito
mas sou feliz.
Sou obra das mãos de Deus
Estou feito a sua imagem
E sou abençoado
Faço parte de 10 por cento de meninos
com Síndrome de Down
que sobreviveu o Roe vs.Wade" (decisão que despenalizou o aborto nos EUA).

Desde a sentença favorável ao aborto no caso Roe vs. Wade, 90 por cento das crianças com síndrome de down perecem no ventre materno por causa desta prática anti-vida.

A fotografia faz parte de uma campanha titulada "We can end abortion" (Podemos pôr fim ao aborto) promovida pelo site pró-vida LifeSiteNews.

Para ver a publicação original viste:

http://www.facebook.com/pages/We-cão-end-abortion/165284543530775#!/photo.php?fbid=232331486826080&set=pu.165284543530775&type=1&theater

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

O Rosário é bíblico?


A intenção do texto não é esgotar a teologia em torno do Rosário, mas apenas demonstrar superficialmente que não existe oposição entre esta devoção e a Palavra de Deus, como julgam alguns hereges.
Vários protestantes têm uma grande pulga atrás da orelha com o rosário. "Como é antibíblico!", dizem eles. Pois bem, é hora de analisar o Rosário e ver o que a Bíblia tem a dizer sobre este assunto.
O Rosário é uma coleção de orações individuais:

1 - O Credo
2 - O Pai-Nosso
3 - A Ave-Maria
4 - Glória
5 - Salve Regina

1. O Credo Apostólico
"Creio em Deus-Pai, todo-poderoso, criador do céu e da terra, e em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor, que foi concebido pela Virgem Maria, padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado, desceu à mansão dos mortos e ressuscitou ao terceiro dia. Subiu aos céus e está sentado à direita de Deus-Pai todo-poderoso, donde há de vir a julgar os vivos e os mortos. Creio no Espírito Santo, na Santa Igreja Católica, na Comunhão dos Santos, na remissão dos pecados, na ressurreição da carne, na vida eterna. Amém."
Este é um dos credos mais antigos que se conhece. Foi inicialmente usando pelos cristãos de Roma. Não há nada antibíblico nele. A única coisa que alguém poderia objetar seria a expressão "creio...na Santa Igreja Católica". Bem, a primeira pessoa a utilizar a expressão "Católica" (palavra grega para "geral, universal") foi Santo Inácio de Antioquia em sua carta aos Esmirnenses. Ele morreu em 107 A.D., o que nos faz tirar a lógica conclusão que tal designação para a igreja já era utilizada desde antes. Ele utilizou este termo para diferenciar a Igreja fundada por Cristo e pelos apóstolos das outras igrejas e filosofias heréticas que estavam aparecendo.

2. O Pai-Nosso
Bem, nada de antibíblico aqui. Sem comentários mais.

3. A Ave-Maria
"Ave, Maria, cheia de graça, o Senhor é contigo. Bendita sois vós entre as mulheres, e bendito é o fruto do teu ventre, Jesus. Santa Maria, rogai por nós, pecadores, agora e na hora da nossa morte. Amém".
Isto coloca um bom problema aos protestantes. Porquê? Veja o que a Bíblia diz sobre isso (versão KJV):
"E o anjo veio sobre ela, e disse, Ave, tu que és grandemente favorecida, o Senhor está contigo. Bem-aventurada és tu entre as mulheres". (Lc 1,28)
São Jerônimo, um dos primeiros Pais da Igreja, traduziu a Bíblia grega para o latim, e a melhor forma de traduzir para o latim a forma "grandemente favorecida" foi "gratia plena", que significa "cheia de graça". Isto denota muito bem o estado de Maria, "cheia de graça", sem pecado.
Desta forma, a primeira parte da Ave-Maria não deixa problema algum. E quanto à segunda parte?
Santa Maria? É esperado que, sendo Maria a mãe do "Santo dos Santos", ela seja também uma pessoa santa. Isto não pode ser problema para os protestantes, que acreditam que todos os cristãos são santos, de uma forma ou de outra, no mínimo.
Mãe de Deus? Maria é a mãe de Jesus, certo? Jesus era uma pessoa divina com uma natureza divina e humana. Maria "assim como fazem todas as mães" deu a luz à pessoa, não à natureza. E a qual pessoa ela deu à luz? Uma pessoa divina. Logo, Maria é a mãe de Deus.
Rogai por nós, pecadores? Pedimos que Maria ore por nós. Mas ela não está morta? Não de acordo com a Bíblia (Mc 12,26-27; Mt 27,52-53).
Nós devemos orar pelos outros, diz Tiago (Tg 5,16). Ora, mas Jesus não é o único mediador? Sim, assim como Ele é o único rei, o único Senhor, o único sacerdote, etc...E enquanto partilharmos deste seu sacerdócio e reinado, também partilhamos desta única mediação.
Agora e na hora de nossa morte? Oh-oh!, como Maria sabe quando morreremos? Bem, ela possui a visão beatífica (1 Cor 13:12; 2 Pd 1:4), e além do mais, não existe época no paraíso, somente eternidade e, portanto, nem Maria ou os anjos estão sob o limite do tempo e por isso podem ouvir todas as nossas orações.

4. Glória
"Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo, assim como era no princípio, agora e sempre. Amem".
Pequena e linda oração. Ninguém reclame dela.

5. Salve Regina (Salve Rainha)
"Salve Rainha, mãe de misericórdia, vida, doçura e esperança nossa. Salve! A vós bradamos os degredados filhos de Eva. A vós, suspirando, gemendo e chorando neste vale de lágrimas. Ei-a pois, advogada nossa, esses vossos olhos misteriosos a nós volvei. E depois deste desterro, mostrai-nos Jesus. Bendito é o fruto do teu ventre. Ó clemente, ó piedosa, ó doce sempre virgem Maria. Rogai por nós, santa mãe de Deus, para que sejamos dignos das promessas de Cristo".
É bem complicado, vamos com calma.
Rainha? Considere que Jesus, Rei dos Reis, nunca foi casado. Se um rei não possui esposa, quem, portanto, é a rainha? Sua mãe! E isto se aplica aqui.
Vida, doçura e esperança? Isto diz respeito à mediação de Maria, assunto que não abordaremos neste texto pela sua natureza mais profunda. Chamamos Maria desta forma porque ela é a causa, estritamente na forma subordinada "claro", da nossa salvação, vida, doçura e esperança (que é Jesus).
Vossos olhos misericordiosos? Maria, como imaculada, tem misericórdia de seus filhos. Lembrando que todos somos seus filhos. Ela é nossa mãe, porque somos parte do corpo de Jesus, nascido de Maria.
Clemente, piedosa, doce? Quem nega que a mãe de Jesus é clemente? Ou piedosa? Ou doce? Minha mãe (carnal) é! Quanto mais com um filho como Jesus, o filho de Deus!
Como vimos, são várias orações. Claro, existem entre nós questões sobre o rosário, como apontam alguns quando dizem que Jesus nos recomendou não rezar em "vãs repetições" como fazem os gentios (Mt 6,7).
Mas notem todos que Jesus não condena as repetições, somente as que são "vãs". Se nós condenamos católicos bêbados, não estamos condenando todos os católicos que bebem e nem significa que todos os católicos "são" bêbados. Isto somente significa que aqueles católicos que "estavam" bêbados são condenados. Aqui é a mesma coisa. Jesus disse para não rezarmos as repetições "que são vãs", ou sejam, de nada adiantariam. E porque o rosário não é incluído nestas "vãs repetições"? Porque nele nós meditamos os mistérios da vida, morte e ressurreição de Cristo, e isto nunca será "vão". A Ave-Maria somente é a base para todos estes mistérios. Nunca se acreditou que se consegue alguma coisa com uma certa quantidade de orações. O Rosário bem recitado é aquele bem meditado, com concentração. Onde as palavras não são somente balbuciadas, mas rezadas com fé.
Então, da próxima vez que alguém se dizer um cristão, pergunte como honra a Maria. Se disser "não, obrigado, não sou idólatra, somente honro a Jesus", pergunte então porque a Bíblia nos pede para honrarmos os santos (1 Pd 1,6-7), e porque Maria é tão "grandemente favorecida".

"Doravante, todas as gerações me proclamarão bem-aventurada" (Lc 1,48).

Traduzido para o Veritatis Splendor por Rondinelly Ribeiro Rosa.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Mãe coragem sacrificou sua vida para que sua filha nascesse

OKLAHOMA, 24 Out. 11 / 05:28 pm (ACI/EWTN Noticias)

Stacy Crimm sabia que só um agressivo tratamento de quimioterapia podia salvar sua vida, mas decidiu proteger o bebê que levava no ventre e se negou a recebê-lo. Ela deu à luz sua filha Dottie Mae, e pôde carregá-la em seus braços antes de morrer.
Com 41 anos de idade, Stacy estava convencida de que não poderia engravidar porque os médicos lhe disseram que jamais seria capaz de conceber um filho. Em março deste ano soube que esperava um bebê e pouco depois foi diagnosticada com câncer de cabeça e pescoço.
Stacie foi capaz de sobreviver durante cinco meses antes de dar à luz por cesárea a Dottie Mae, quem nasceu pesando 940 gramas.
"Este bebê era tudo o que ela tinha no mundo", afirmou seu irmão, Ray Phillips, a quem encomendou a tarefa de velar por sua filha.
Poucas semanas depois de saber que estava grávida começou a padecer severas dores de cabeça, visão dupla e tremores.
Em julho, uma tomografia computadorizada revelou que tinha câncer de cabeça e pescoço e teve que escolher entre sua vida e a do seu bebê. Sua decisão foi imediata.
Stacie renunciou à quimioterapia com a esperança de sustentar um bebê sadio em seus braços.
No dia 16 de agosto Stacie colapsou na casa de Ryan e foi levada ao hospital onde os médicos lhe informaram que o tumor comprometia sua vida.
Dois dias depois, praticaram-lhe uma cesárea. Dottie Mae nasceu pesando menos de um terço da média de um recém-nascido. Mãe e filha ingressaram em cuidados intensivos em seguida.
Stacie lutou para sobreviver o parto e resistiu por várias semanas. Estava muito fraca para chegar carregar o bebê, e seu bebê estava muito fraco para ser sustentado pela sua mãe.
"Mostrávamos-lhe fotos e ela chorava por querer segurar o seu bebê", acrescenta Ryan.
No dia 8 de setembro, Stacie deixou de respirar, mas reagiu. O pessoal do hospital advertiu à família que estava muito perto da morte. Uma enfermeira, comovida pelo drama desta mulher, organizou uma operação desesperada e conseguiu uma unidade de cuidados intensivos em forma de cápsula para transportar Dottie Mae até a sua mãe.
As enfermeiras chegaram com Dottie Mae e a puseram sobre o peito de sua mãe. As duas se olharam nos olhos durante vários minutos.
Stacie morreu três dias depois. Seu funeral foi no dia 14 de setembro. Em seu obituário escreveram: "Dottie Mae foi a luz de sua vida e seu maior feito. Ela optou por dar a vida por seu bebê em lugar de submeter-se a um tratamento para si".
Dottie Mae já foi está de alta do hospital e agora vive com seu tio Ray, sua esposa Jennifer e seus quatro filhos em sua casa em Oklahoma City, Estados Unidos.
"Acredito que isto é um milagre. Eu só quero fazer o que for bom para ela e o cumprir que Stacie nos pediu", afirma Jennifer

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

YOUCAT - Catecismo Jovem

Queridos jovens amigos!
Hoje aconselho-vos a leitura de um livro extraordinário.
É extraordinário pelo seu conteúdo mas também pelo modo em que se formou, que desejo explicar-vos brevemente, para que se possa compreender a sua particularidade. Youcat teve origem, por assim dizer, de outra obra que remonta aos anos 80. Era um período difícil para a Igreja e para a sociedade mundial, durante o qual surgiu a necessidade de novas orientações para encontrar o caminho rumo ao futuro. Após o Concílio Vaticano II (1962-1965) e no mudado clima cultural, muitas pessoas já não sabiam correctamente no que os cristãos deveriam acreditar exactamente, o que a Igreja ensinava, se ela podia ensinar algo tout court e como tudo isto podia adaptar-se ao novo clima cultural.
O Cristianismo como tal não está superado? Pode-se ainda hoje racionalmente ser crente? Estas são as questões que muitos cristãos se formulam até nos nossos dias. O Papa João Paulo II optou então por uma decisão audaz: deliberou que os bispos do mundo inteiro escrevessem um livro com o qual responder a estas perguntas.
Ele confiou-me a tarefa de coordenar o trabalho dos bispos e de vigiar a fim de que das suas contribuições nascesse um livro – quero dizer, um livro verdadeiro e não uma simples justaposição de uma multiplicidade de textos. Este livro devia ter o título tradicional de Catecismo da Igreja Católica e todavia ser algo absolutamente estimulante e novo; devia mostrar no que a Igreja Católica crê hoje e de que maneira se pode acreditar de modo racional. Assustei-me com esta tarefa e devo confessar que duvidei que algo semelhante pudesse ter bom êxito. Como podia acontecer que autores espalhados pelo mundo pudessem produzir um livro legível?
Como podiam homens que vivem em continentes diversos, e não só sob o ponto de vista geográfico, mas inclusive intelectual e cultural, produzir um texto dotado de uma unidade interna e compreensível em todos os continentes?
A isto acrescentava-se o facto de que os bispos deviam escrever não simplesmente como autores individuais, mas em representação dos seus irmãos e das suas Igrejas locais.
Devo confessar que até hoje me parece um milagre o facto de que este projecto no final se realizou. Encontrámo-nos três ou quatro vezes por ano por uma semana e debatemos apaixonadamente sobre cada parte do texto, na medida em que se desenvolvia.
Como primeira atitude definimos a estrutura do livro: devia ser simples, para que cada grupo de autores pudesse receber uma tarefa clara e não forçar as suas afirmações num sistema complicado. É a mesma estrutura deste livro; ela é tirada simplesmente de uma experiência catequética de um século: o que cremos / de que modo celebramos os mistérios cristãos / de que maneira temos a vida em Cristo / de que forma devemos rezar. Não quero explicar aqui o modo como debatemos sobre a grande quantidade de questões, até chegar a compor um livro verdadeiro. Numa obra deste género são muitos os pontos discutíveis: tudo o que os homens fazem é insuficiente e pode ser melhorado, e não obstante, trata-se de um grande livro, um sinal de unidade na diversidade. A partir das muitas vozes pôde-se formar um coro porque tínhamos a comum partitura da fé, que a Igreja nos transmitiu desde os apostólos, através dos séculos até hoje.
Por que tudo isto?
Desde a redacção do CIC, tivemos que constatar que não só os continentes e as culturas das suas populações são diferentes, mas também no âmbito de cada sociedade existem diversos “continentes”: o trabalhador tem uma mentalidade diferente do camponês; um físico de um filólogo; um empresário de um jornalista, um jovem de um idoso. Por este motivo, na linguagem e no pensamento, tivemos que nos colocar acima de todas estas diferenças e, por assim dizer, buscar um espaço comum entre os diferentes universos mentais; com isto tornamo-nos cada vez mais conscientes do modo como o texto exigia algumas “traduções” nos diversos mundos, para poder alcançar as pessoas com as suas mentalidades diferentes e várias problemáticas.

 Desde então, nas jornadas mundiais da juventude (Roma, Toronto, Colónia, Sydney) reuniram-se jovens de todo o mundo que querem acreditar, que estão em busca de Deus, que amam Cristo e desejam caminhos comuns. Neste contexto perguntámo-nos se não deveríamos traduzir o Catecismo da Igreja Católica na língua dos jovens e fazer penetrar as suas palavras no seu mundo. Naturalmente, também entre os jovens de hoje existem muitas diferenças; assim, sob a comprovada guia do arcebispo de Viena, Christoph Schönborn, formou-se um Youcat para os jovens.


Espero que muitos se deixem cativar por este livro.


Algumas pessoas dizem-me que o catecismo não interessa à juventude moderna; mas não acredito nesta afirmação e estou certo de que tenho razão. A juventude não é tão superficial como é acusada de o ser; os jovens querem saber deveras no que consiste a vida. Um romance policial é empolgante porque nos envolve no destino de outras pessoas, mas que poderia ser também o nosso; este livro é cativante porque nos fala do nosso próprio destino e portanto refere-se de perto a cada um de nós.


Por isso, exorto-vos: estudai o catecismo! Estes são os meus votos de coração.Este subsídio ao catecismo não vos adula; não oferece fáceis soluções; exige uma nova vida da vossa parte; apresenta-vos a mensagem do Evangelho como a “pérola de grande valor” (Mt 13, 45) pela qual é preciso dar tudo.


Portanto, peço-vos: estudai o catecismo com paixão e perseverança! Sacrificai o vosso tempo por ele! Estudai-o no silêncio do vosso quarto, lede-o em dois, se sois amigos, formai grupos e redes de estudo, trocai ideias na internet. Permanecei de qualquer modo em diálogo sobre a vossa fé! Deveis conhecer aquilo em que credes; deveis conhecer a vossa fé com a mesma exactidão com a qual um perito de informática conhece o sistema operativo de um computador; deveis conhecê-la como um músico conhece a sua peça; sim, deveis ser muito mais profundamente radicados na fé do que a geração dos vossos pais, para poder resistir com força e decisão aos desafios e às tentações deste tempo. Tendes necessidade da ajuda divina, se a vossa fé não quiser esgotar-se como uma gota de orvalho ao sol, se não quiserdes ceder às tentações do consumismo, se não quiserdes que o vosso amor afogue na pornografia, se não quiserdes trair os débeis e as vítimas de abusos e violência.

Se vos dedicardes com paixão ao estudo do catecismo, gostaria de vos dar ainda um último conselho: sabei todos de que modo a comunidade dos fiéis recentemente foi ferida por ataques do mal, pela penetração do pecado no seu interior, aliás, no coração da Igreja. Não tomeis isto como pretexto para fugir da presença de Deus; vós próprios sois o corpo de Cristo, a Igreja! Levai o fogo intacto do vosso amor a esta Igreja todas as vezes que os homens obscurecerem o seu rosto. “Sede diligentes, sem fraqueza, fervorosos de espírito, dedicados ao serviço do Senhor” (Rm 12, 11).
Quando Israel se encontrava no ponto mais obscuro da sua história, Deus chamou em seu socorro não os grandes e as pessoas estimadas, mas um jovem de nome Jeremias; ele sentiu-se chamado a uma missão demasiado grande: “Ah! Senhor Javé, não sou um orador, porque sou ainda muito novo!” (Jr 1, 6). Mas Deus replicou: “Não digas: sou ainda muito novo – porquanto irás aonde Eu te enviar, e dirás o que Eu te mandar” (Jr 1, 7).
Abençoo-vos e rezo cada dia por todos vós.

BENTO PP. XVI


Acesse: http://www.youcat.org/

Rezar é abrir-se a Deus

Na oração nós aprendemos a ouvir o Senhor
Ninguém se coloca sob o sol sem se queimar. Se tomar sol você vai sofrer as consequências dele. Com Deus acontece algo semelhante, ninguém se coloca na presença d'Ele sem ser beneficiado por ela. As marcas da presença do Todo-poderoso também são irreversíveis para a nossa salvação. Quando nós nos deixamos conduzir pelo Espírito Santo, Ele nos dá liberdade. Nunca o Senhor pensou em trazê-lo para perto d'Ele para tirar algo de você, muito menos para limitar a sua liberdade. Se Ele não quisesse que fôssemos livres, por que teria nos criado livres?

Nossa liberdade ficou comprometida por nossa própria culpa, porque quem peca se torna escravo do pecado. Pelos erros e pelos vícios que entram em nossa vida ficamos debilitados. O Pai nos deu Cristo para nos libertar daquilo que nos amarra. Deus nos mostra quais caminhos podemos seguir, mas a liberdade de escolher é nossa. O desejo do Senhor é libertar você de toda a angústia, de toda a opressão. O desejo d'Ele é vê-lo feliz.

Veja em Gálatas 5,1: "É para que sejamos homens livres que Cristo nos libertou. Ficai, portanto, firmes e não vos submetais outra vez ao jugo da escravidão".
Cristo amou você, morreu numa cruz por sua causa, para que você não fosse escravo do pecado. O Ressuscitado nos libertou de todo o mal, de toda armadilha do inimigo para que permaneçamos livres. Contudo, ninguém é livre na maldade. Uma vez que o Espírito Santo visitá-lo, não dê brecha para o pecado.

Quem conhece as coisas que há no homem, senão o espírito do homem que nele reside? (cf. Coríntios 2, 10-16). Assim também ninguém conhece as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus.

Ninguém pode saber o que está em seu interior se você não abrir a boca e disser. Quando você reza, Deus Pai o refaz e o Espírito Santo o cura e liberta. Rezar é ficar nu na presença de Deus, é se abrir a Ele. Quando você está rezando, coloca-se na presença do Altíssimo, se expõe e é curado. Quando você tira a roupa diante do espelho, vê o que quer e o que não quer. Na hora em que estamos rezando, caem as nossas roupas - espiritualmente falando - e, do mesmo modo, vemos aquilo que queremos e o que não queremos. Tudo que eu faço de mau volta para mim no momento da oração. As feridas que nós ignoramos, na oração não conseguimos ignorá-las, porque, nesse momento, Deus as revela para nós ao nos curar. No momento em que o Senhor me mostra quem eu sou, Ele também mostra quem Ele é. Se Ele me revela uma coisa que não está boa, é porque é preciso consertá-la.

Na oração nós aprendemos a ouvir o Senhor. Não existe ninguém que, tendo rezado, Deus não o tenha respondido. E se Ele não lhe responde diretamente, vai fazê-lo por meio de uma pessoa ou de um fato, mas Ele responde. Nós precisamos aprender a ouvi-Lo na oração para conhecermos os planos que Ele tem para nossa vida.

Eu e você precisamos, na oração, pedir ao Espírito Santo que nos faça descobrir o que está ruim ali dentro. Deus sabe o quando você foi machucado e sabe como curá-lo.
A nossa vida inteira é um processo de cura interior. Enquanto você estiver com os pés aqui nesta terra, sua vida será um processo de cura interior. Nós temos que nos apresentar diante de Deus. 
O Todo-poderoso tem um plano na sua vida, um plano de amor, um plano de realização e de felicidade para você. Se você não abre o seu coração para a oração, corre o sério risco de morrer sem conhecer o plano que Deus tinha para você.
Foto

Márcio Mendes
marciomendes@cancaonova.com
Missionário da Comunidade Canção Nova, formado em teologia, autor dos livros "Quando só Deus é a resposta" e "Vencendo aflições, alcançando milagres".
19/10/2011 - 08h00

Fonte: http://www.cancaonova.com/portal/canais/formacao/internas.php?id=&e=12534

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Força para resistir à tentação

A cada tentação há sempre uma proposta sedutora
Imagem de DestaqueOs fiéis pedem a Deus, em oração, na Liturgia das Horas: “Dai-nos força para resistir à tentação, paciência na tribulação e sentimentos de gratidão na prosperidade”. A prece exprime o estado de espírito de quem se vê diante de Deus com suas limitações, entre as quais está a tentação, que se manifesta de muitas maneiras.

Com a publicação do Catecismo da Igreja Católica (CIC), em 1992, os fiéis entendem melhor o pedido que fazem no Pai-Nosso em relação à tentação: “Este pedido implora o Espírito de discernimento e de fortaleza. (...) O Espírito Santo nos faz discernir entre a provação, necessária ao crescimento do homem interior em vista de uma ‘virtude comprovada’; e a tentação que leva ao pecado e à morte. Devemos também discernir entre ‘ser tentado e consentir’ na tentação. Por fim, o discernimento desmascara a mentira da tentação: aparentemente, seu objeto é ‘bom, sedutor para a vista, agradável’ (Gn 3,6), ao passo que, na realidade, seu fruto é a morte. (...)
Ao dizer ‘Não nos deixeis cair em tentação’, pedimos a Deus que não nos permita trilhar o caminho que conduz ao pecado. Este pedido implora o Espírito de discernimento e de fortaleza; solicita a graça da vigilância e a perseverança final. (...) A fortaleza é a virtude moral que dá segurança nas dificuldades, firmeza e constância na procura do bem. Ela firma a resolução de resistir às tentações e superar os obstáculos na vida moral.”

Por sua vez, o Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, publicado em 28 de junho de 2005, resume em que consiste o pedido “Não nos deixeis cair em tentação”: “Nós pedimos a Deus Pai que não nos deixe sós ao sabor da tentação. Pedimos ao Espírito que saibamos discernir, de uma parte, entre a prova que faz crescer no bem e a tentação que leva ao pecado e à morte; e de outra, entre ser tentado e consentir na tentação. Esse pedido nos une a Jesus que venceu a tentação com a sua oração. Solicita a graça da vigilância e da perseverança final.”

O YOUCAT (Catecismo Jovem da Igreja Católica), publicado em 2011, antes da Jornada Mundial da Juventude, explica aos jovens a razão do “Não nos deixeis cair na tentação”: “Por que corremos a cada dia e a cada momento o risco de negarmos a Deus e de pecarmos, pedimos a Ele que não nos deixe indefesos na violência da tentação. (...) O próprio Jesus foi tentado, sabe que somos pessoas fracas, que não conseguem resistir ao mal pelas próprias forças. Ele nos apresenta, então, o pedido do Pai Nosso que nos ensina a confiar no auxílio de Deus na hora da provação.”

Bento XVI se reportou às tentações no seu discurso aos seminaristas em Madrid: “Sim, há muitos que, julgando-se deuses, pensam que não têm necessidade de outras raízes nem de outros alicerces para além de si mesmo. Desejariam decidir, por si só, o que é verdade ou não, o que é bom ou mau, justo ou injusto; decidir quem é digno de viver ou pode ser sacrificado; em cada momento dar um passo à sorte, sem rumo fixo, deixando-se levar pelo impulso de cada instante. Estas tentações estão sempre à espreita. É importante não sucumbir a elas, porque, na realidade, conduzem a algo tão fútil como uma existência sem horizontes, uma liberdade sem Deus.”

No bojo de cada tentação há sempre uma proposta sedutora e enganadora, porque é isso, precisamente, que a caracteriza. A literatura eclesial já se refere às “tentações modernas” que têm a linguagem do momento, com apelos à negação de valores fundamentais como vida, dignidade, fidelidade, honestidade e estímulos à prática de antivalores como relativismo, indiferentismo, materialismo e hedonismo. O ser humano sempre esteve submetido às tentações, como ensina o Catecismo da Igreja Católica: “As tentações que vos acometeram tiveram medida humana. Deus é fiel; não permitirá que sejais tentados acima de vossas forças. Mas, com a tentação, Ele vos dará os meios de sair dela e a força para a suportar” (1 Cor 10,13). Essa certeza também existe em relação às “tentações modernas”.
Dom Genival Saraiva
Bispo de Palmares - PE
Fonte: http://www.cancaonova.com/portal/canais/formacao/internas.php?id=&e=12522

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

O Papa anuncia "Ano da Fé" para 2012

Vaticano, 16 Out. 11 / 12:44 pm (ACI/EWTN Noticias)

Na homilia da Missa que presidiu esta manhã na Basílica de São Pedro, o Papa Bento XVI anunciou para o ano 2012 o "Ano da Fé" que se estenderá até 2013.

O Santo Padre fez o anúncio durante a Eucaristia conclusiva do encontro "Novos evangelizadores para a nova evangelização" realizado este fim de semana no Vaticano no qual participaram, entre outros, o tenor italiano Andrea Bocelli, Luiza Santiago da Canção Nova e a irmã Verônica Berzosa.

O Papa explicou que este Ano da Fé começará no dia 11 de outubro de 2012, no 50º aniversário da inauguração do Concílio Vaticano II e concluirá em 24 de novembro de 2013, na Solenidade de Cristo Rei do Universo.

O Concílio Vaticano II é um dos eventos mais importantes na história da Igreja. Realizou-se entre 1962 e 1965 congregando bispos de todo o mundo. Produziu um corpo de doutrina que busca promover a fé católica, renovar a vida dos fiéis, adaptar a liturgia e animar a presença dos leigos na vida da Igreja.

Ao anunciar o Ano da Fé, o Papa disse que este tempo procura "dar um renovado impulso à missão de toda a Igreja, para conduzir os homens longe do deserto no qual muito freqüentemente se encontram em suas vidas à amizade com Cristo que nos dá sua vida plenamente".

Este Ano da Fé, disse o Santo Padre, "será um momento de graça e de compromisso por uma cada vez mais plena conversão a Deus, para reforçar nossa fé nele e para anunciá-lo com gozo ao homem de nosso tempo".

Os detalhes deste Ano da Fé serão explicados nos próximos dias por Bento XVI através de uma carta apostólica.

O Papa recordou logo no Ângelus que um de seus predecessores, o Beato Paulo VI, também convocou a um Ano da Fé similar, em 1967, ao cumprir-se 900 anos do martírio de São Pedro e São Paulo.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Nulidade Matrimonial: saiba como Igreja analisa pedidos

Nicole Melhado
Da Redação Canção Nova (http://noticias.cancaonova.com/noticia.php?id=283852)

Ao fim de todas as audiências gerais o Papa João Paulo II dava sua benção aos noivos O Matrimônio é a união conjugal de um homem e uma mulher, ligação indissolúvel e indivisa de vida. O Catecismo da Igreja Católica explica que, criando o homem e a mulher, Deus chamou-os no Matrimônio a uma íntima comunhão de vida e de amor entre si, “assim, eles não são mais dois, mas uma só carne” (Mt 19,60).

“O casamento é um sacramento onde o homem e a mulher se encontram e na reciprocidade do amor, do respeito e na comunhão se prometem um ao outro. Por isso, o casamento não pode ser considerado uma aventura, nem mesmo um interesse pessoal, é um dom de Deus”, salienta o juiz do Tribunal Eclesiástico de Aparecida, padre Joaquim Lopes.

Um casamento válido jamais pode ser dissolvido por uma autoridade humana, explica padre Lopes, mas existem casos em que o casamento de fato nunca existiu, podendo, assim, ser declarado nulo. “É por isso que o tribunal analisa cada caso dos fiéis, se existem elementos concretos que comprovem que o casamento de fato nunca existiu, se o consentimento foi viciado, se houve uma conduta inadequada por parte de um dos cônjunges”, esclarece o padre.


Impedimentos

Existem uma série de impedimentos para o casamento constados no Código de Direito Canônico. Os impedimentos podem ocorrer por: idade, impotência, vínculo matrimonial, diversidade de culto, ordem sacra, profissão religiosa, rapto, de crime, de consanguinidade, de afinidade, pública honestidade e por parentesco legal (Cânones 1083 a 1094 - Código de Direito Canônico). Esses impedimentos podem ser temporários ou permanentes.

O principal caso que leva ao pedido de nulidade, segundo o ex-membro da Rota Romana e do Tribunal da Assinatura Apostólica, monsenhor João Scampini, é a simulação, quando não houve a real intensão de casar.

Mas a autoridade vaticana ressalva que cada caso deve ser analisado separadamente. “É preciso um estudo particular, pois é mais prudente. Quando existe uma regra de direito você tem meios de salvaguardar o sacramento, mas diante da vida de uma pessoa é preciso analisar de modo particular, a fim de fazer uma análise mais profunda”, completa o juiz do Tribunal Eclesiástico de Aparecida.


Pecados contra o matrimônio

Segundo o Catecismo da Igreja Católica, os pecados mais graves contra este sacramento são o adultério e a poligamia, pois atentam contra a igual dignidade do homem e da mulher, contra a unicidade e a exclusividade do amor conjugal. Outro pecado contra o matrimonio é a rejeição da fecundidade, que priva o casal do dom dos filhos.

“O adultério por si só não leva a nulidade de um matrimonio, mas a rejeição de fecundidade sim, pois adultera a natureza do matrimonio. Mas cada situação deve ser analisada, pois uma pessoa, pode, por exemplo, não querer ter filhos naquele momento, mas depois mudar de ideia, esclarece padre Joaquim Lopes.


O aconselhamento dos párocos
O processo de nulidade não envolve apenas o casal, mas as famílias de ambos, o que pode ser algo doloroso, salienta o juiz do Tribunal Eclesiástico de Aparecida. Por isso, é de extrema importância que o casal seja acompanhado pelo padre de sua paróquia que mostrará o melhor caminho a seguir.


Processo de Nulidade

Os tribunais não são realidades presentes em todas as dioceses, então é preciso saber onde, dentro da diocese, é possível fazer a primeira a auditoria, momento onde é exposta a situação.

Todos os bispos recebem de Roma a competência de julgar pedidos de Nulidade Matrimonial, os tribunais eclesiásticos agem como extensão da autoridade dos bispos. “Os bispos são os verdadeiros responsáveis dessas causa, mas por causa da exigência de suas atividades, eles delegam estas atividades aos tribunais”, explica o juiz do Tribunal Eclesiástico de Aparecida.

No Tribunal Eclesiástico o processo é julgado por três juizes na primeira instância e em caso de dúvida ou discordância da sentença por uma das partes, ele pode ser levado para o julgamento em uma segunda instância, composta por mais três juizes.

“Quando a primeira instância e a segunda instância divergem na decisão o caso é passado para análise da Rota Romana, que serve como uma terceira instância, uma instância superior”, explica o ex-membro da Rota Romana e do Tribunal da Assinatura Apostólica.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Catequese de Bento XVI sobre o Salmo 22

Boletim da Sala de Imprensa da Santa Sé
(tradução de Leonardo Meira - equipe CN Notícias)




CATEQUESESala Paulo VI
Quarta-feira, 14 de setembro de 2011


Queridos irmãos e irmãs,

na Catequese de hoje, gostaria de me aprofundar em um Salmo com fortes implicações cristológicas, que continuamente aflora nas narrações da paixão de Jesus, com a sua dúplice dimensão de humilhação e de glória, de morte e de vida. É o Salmo 22, segundo a tradição hebraica, 21 segundo a tradição greco-latina, uma oração dolorosa e tocante, de uma densidade humana e riqueza teológica que o tornam um dos Salmos mais rezados e estudados de todo o Saltério. Trata-se de uma longa composição poética, e nós nos deteremos particularmente sobre a primeira parte, centrada no lamento, para aprofundar algumas dimensões significativas da oração de súplica a Deus.

Esse Salmo apresenta a figura de um inocente perseguido e circundado por adversários que desejam a sua morte; e ele recorre a Deus em um lamento doloroso que, na certeza da fé, abre-se misteriosamente ao louvor. Na sua oração, a realidade angustiante do presente e a memória consoladora do passado alternam-se, em uma sofrida busca de consciência da própria situação desesperadora, que, contudo, não deseja renunciar à esperança. O seu grito inicial é um apelo dirigido a um Deus que parece distante, que não responde e parece tê-lo abandonado:

"Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes?
E permaneceis longe de minhas súplicas e de meus gemidos?
Meu Deus, clamo de dia e não me respondeis;
imploro de noite e não me atendeis" (vv. 2-3)


Deus silencia-se, e esse silêncio lacera a alma do orante, que incessantemente chama, mas sem encontrar resposta. Os dias e as noites sucedem, em uma busca inestancável de uma palavra, de um auxílio que não vem; Deus parece tão distante, tão esquecido, tão ausente. A oração pede escuta e resposta, solicita um contato, busca uma relação que possa dar conforto e salvação. Mas, se Deus não responde, o grito de auxílio se perde no rosto e na solidão tornada insustentável. E ainda assim, o orante do nosso Salmo, por três vezes, no seu grito, chama o Senhor de "meu" Deus, em um extremo ato de confiança e de fé. Não obstante toda a aparência, o Salmista não pode crer que o vínculo com o Senhor tenha sido interrompido totalmente; e, enquanto questiona o porquê de um presunto abandono incompreensível, afirma que o "seu" Deus não pode o abandonar.

Come se nota, o grito inicial do Salmo, "Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes?", é reportado pelos Evangelhos de Mateus e de Marcos como o grito lançado por Jesus morrendo na cruz (cf. Mt 27,46; Mc 15,34). Isso expressa toda a desolação do Messias, Filho de Deus, que está enfrentando o drama da morte, uma realidade totalmente oposta ao Senhor da vida. Abandonado por quase todos os seus, traído e renegado pelos discípulos, entornado por quem o insulta, Jesus está sob o peso esmagador de uma missão que deve passar pela humilhação e aniquilamento. Por isso grita ao Pai, e o seu sofrimento assume as palavras dolorosas do Salmo. Mas o seu não é um grito desesperado, como não o era aquele do Salmista, que na sua súplica percorre um caminho atormentado de névoas, mas, sim, encontra-se em uma perspectiva de louvor, na confiança da vitória definitiva. E porque, no costume hebraico, citar ao início de um Salmo implicava uma referência a todo o poema, a oração agonizante de Jesus, ainda que mantendo a sua carga de indizível sofrimento, abre-se à certeza da glória. "Porventura não era necessário que Cristo sofresse essas coisas e assim entrasse na sua glória?", dirá o Ressuscitado aos discípulos de Emaús (Lc 24,26). Na sua paixão, em obediência ao Pai, o Senhor Jesus atravessa o abandono e a morte para chegar à vida e doá-la a todos os crentes.

A esse grito inicial de súplica, no nosso Salmo 22, segue-se, em doloroso contraste, a recordação do passado:

"Nossos pais puseram sua confiança em vós,
esperaram em vós e os livrastes.
A vós clamaram e foram salvos;
confiaram em vós e não foram confundidos" (vv. 5-6)

Aquele Deus que hoje, ao Salmista, parece tão distante, é, contudo, o Senhor misericordioso que Israel sempre experimentou em sua história. O povo a que o orante pertence foi alvo do amor de Deus e pôde testemunhar a sua fidelidade. A começar pelos Patriarcas, e depois no Egito e na longa peregrinação pelo deserto, na permanência na terra prometida em contato com populações agressivas e inimigas, até a escuridão do exílio, toda a história bíblica foi uma história de grito de auxílio por parte do povo e de respostas salvíficas por parte de Deus. E o Salmista faz referência à constante fé dos seus pais, que "confiaram" – por três vezes essa palavra é repetida – sem nunca ficarem desiludidos. Agora, todavia, parece que essa cadeia de invocações confiantes e respostas divinas se interrompe; a situação do Salmista parece desmentir toda a história da salvação, tornando ainda mais dolorosa a realidade presente.

Mas Deus não pode se contradizer, e eis então que a oração volta a descrever a situação penosa do orante, para induzir o Senhor a ter piedade e intervir, como tinha sempre feito no passado. O Salmista define-se como um "verme, não sou homem, o opróbrio de todos e a abjeção da plebe" (v. 7), é ridicularizado, escarnecido (cf. v. 8) e ferido exatamente na fé: "Esperou no Senhor, pois que ele o livre, que o salve, se o ama" (v. 9), dizem. Sob os golpes zombeteiros da ironia e da provocação, parece quase que o perseguido perde as próprias conotações humanas, como o Servo sofredor esboçado no Livro de Isaías (cf. Is 52,14; 53,2b-3). E como o justo oprimido do Livro da Sabedoria (cf. 2,12-20), como Jesus no Calvário (cf. Mt 27,39-43), o Salmista coloca em questão o seu relacionamento com o seu Senhor, no realce cruel e sarcástico disto que o está fazendo sofrer: o silêncio de Deus, a sua aparente ausência. No entanto, Deus esteve presente na existência do orante com uma proximidade e uma ternura incontestáveis. O Salmista recorda-o ao Senhor: "Sim, fostes vós que me tirastes das entranhas de minha mãe e, seguro, me fizestes repousar em seu seio. Eu vos fui entregue desde o meu nascer" (vv. 10-11a). O Senhor é o Deus da vida, que faz nascer e acolhe o recém-nascido e toma cuidado dele com afeto de pai. E, se antes era feita memória da fidelidade de Deus na história do povo, agora o orante evoca a própria história pessoal de relacionamento com o Senhor, ressaltando o momento particularmente significativo do início da sua vida. E ali, não obstante a desolação do presente, o Salmista reconhece uma proximidade e um amor divinos tão radicais a ponto de poder agora exclamar, em uma confissão plena de fé e geradora de esperança: "desde o ventre de minha mãe vós sois o meu Deus" (v. 11b).

O lamento torna-se, então, súplica do coração: "Não fiqueis longe de mim, pois estou atribulado; vinde para perto de mim, porque não há quem me ajude" (v. 12). A única proximidade que o Salmista percebe e que o espanta é aquela dos inimigos. É, portanto, necessário que Deus se faça próximo e socorra, porque os inimigos circundam o orante, cercam-no, e são como touros numerosos, como leões que abrem suas fauces para rugir e arrebatar (cf. vv. 13-14). A angústia altera a percepção do perigo. Os adversários parecem invencíveis, tornam-se animais ferozes e perigosíssimos, enquanto o Salmista é como um pequeno verme, impotente, sem defesa alguma. Mas essas imagens usadas no Salmo servem também para dizer que, quando o homem torna-se brutal e agride o irmão, algo de animalesco toma conta dele, parece perder toda a aparência humana; a violência tem sempre em si algo de bestial e somente a intervenção salvífica de Deus pode restituir o homem à sua humanidade. Ora, para o Salmista, objeto de tantas ferozes agressões, parece não haver mais escapatória, e a morte começa a tomar posse dele: "Derramo-me como água, todos os meus ossos se desconjuntam; [...] minha garganta está seca qual barro cozido, pega-se no paladar a minha língua [...] repartem entre si as minhas vestes, e lançam sorte sobre a minha túnica" (vv. 15.16.19). Com imagens dramáticas, que se reencontram nas narrativas da paixão de Cristo, descreve-se o desfalecimento do corpo condenado, a sede insuportável que atormenta o homem moribundo e que encontra eco no pedido de Jesus: "Tenho sede" (cf. Jo 19,28), para chegar ao gesto definitivo dos algozes que, como os soldados sob a cruz, repartem entre si as vestes da vítima, considerada já morta (cf. Mt 27,35; Mc 15,24; Lc 23,34; Jo 19,23-24).

Eis então, urgente, de novo o pedido de socorro: "Porém, vós, Senhor, não vos afasteis de mim; ó meu auxílio, bem depressa me ajudai. […] Salvai-me" (vv. 20.22a). É esse um grito que adentra os céus, porque proclama uma fé, uma certeza que vai para além de toda a dúvida, de toda a escuridão e de toda a desolação. E o lamento transforma-se, cede lugar à oração no acolhimento da salvação: "Então, anunciarei vosso nome a meus irmãos, e vos louvarei no meio da assembleia" (vv. 22c-23). Assim, o Salmo abre-se à ação de graças, ao grande hino final que envolve todo o povo, os fiéis do Senhor, a assembleia litúrgica, as gerações futuras (cf. vv. 24-32). O Senhor vem em auxílio, salvou o pobre e lhe mostrou o seu rosto de misericórdia. Morte e vida se entrecruzam em um mistério inseparável, e a vida triunfou, o Deus da salvação se mostrou no Senhor de modo incontestável, tanto que todos os confins da terra O celebrarão e diante d'Ele todas as famílias dos povos se prostrarão. É a vitória da fé, que pode transformar a morte em dom da vida, o abismo do dor em fonte de esperança.

Irmãos e irmãs caríssimos, esse Salmo nos levou ao Gólgota, aos pés da cruz de Jesus, para reviver a sua paixão e compartilhar a alegria fecunda da ressurreição. Deixemo-nos, portanto, invadir pela luz do mistério pascal também na aparente ausência de Deus, também no silêncio de Deus, e, como os discípulos de Emaús, aprendamos a discernir a verdadeira realidade para além das aparências, reconhecendo o caminho da exaltação exatamente na humilhação, e o pleno manifestar-se da vida na morte, na cruz. Assim, recolocando toda a nossa confiança e a nossa esperança em Deus Pai, em cada angústia, possamos rezar também nós a Ele com fé, e o nosso grito de súplica se transforme em canto de louvor. Obrigado.






Ao final da Catequese, o Papa dirigiu aos peregrinos de língua portuguesa a seguinte saudação:
Dirijo a minha saudação amiga aos membros da União Missionária Franciscana, vindos de Portugal, aos brasileiros do Grupo Vocacional e a todos os demais peregrinos lusófonos aqui presentes. Neste dia da Exaltação da Santa Cruz, deixemo-nos invadir pela luz do mistério pascal, para reconhecermos o caminho da exaltação precisamente na humilhação, colocando toda a nossa esperança em Deus, e assim o nosso grito de ajuda transformar-se-á em cântico de louvor. E que a bênção de Deus desça sobre vós e vossas famílias!

Fonte: http://noticias.cancaonova.com/noticia.php?id=283492

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

DNJ - Dia Nacional da Juventude

O Dia Nacional da Juventude, nosso dia, se aproxima! Reserve a data do DNJ - Dia Nacional da Juventude, a ser celebrado em 30.10.2011, com início às 9h. Não perca este evento que fará jus ao espírito jovem de nossa Diocese. Haverá grande e atrativa programação no dia, então, só falta que você se programe para fazer parte dela!

Não esqueça que o local mudou: será no Ginásio Paroquial (Paróquia São João Batista, Parobé), e não mais no Ginásio Municipal.

Pedimos que os interessados, baixem as fichas e as entregue para o coordenador do grupo ou na secretaria paroquial. Lembrando que o prazo máximo é 15.10.2011. 





Nicarágua: sacerdotes, “calem-se ou nós os matamos”

Vários párocos ameaçados, tensão entre os fiéis

MANÁGUA, quinta-feira, 6 de outubro de 2011 (ZENIT.org) – Divulgou-se na Nicarágua o fato de que vários párocos foram ameaçados, um dado preocupante após o recente assassinato do pároco de La Concepción, Marlon Pupiro.
Este país vive um delicado momento político, com eleições gerais às portas e o presidente Daniel Ortega decidido a perpetuar-se no poder, situação denunciada pela Igreja Católica, junto à corrupção e outros males que afetam o país.
O secretário da Conferência Episcopal da Nicarágua e bispo da diocese de Chontales e Río San Juan, Dom Sócrates René Sándigo Jirón, afirmou que há preocupação na Igreja Católica pela falta de investigação a fundo do crime contra o Pe. Marlon Pupiro e do assédio sofrido por alguns párocos do país.
Após o assassinato do Pe. Pupiro, vários sacerdotes de Manágua e Masaya perceberam algum fato extraordinário que lhes chamou a atenção em relação à sua segurança.
Dom Sándigo Jirón manifestou que os párocos têm de ser mais prudentes, ainda que isso afete seu trabalho pastoral. “Se um sacerdote é chamado à noite para atender algum doente em uma casa ou em um hospital, é melhor que não vá, porque poderia cair em uma armadilha. Este tipo de medida, infelizmente, afetará a vida pastoral. O sacerdote deve ter o cuidado de não aceitar qualquer tipo de convite, a menos que conheça a família”, disse.
Segundo informava, em 27 de setembro, o jornal La Prensa, de Manágua, recentemente se conheceu que vários párocos foram ameaçados. Em alguns casos, as ameaças foram feitas diretamente, por meio de mensagens de texto aos seus telefones celulares; em outros, disfarçadas de roubos ou mensagens cifradas.
Extraoficialmente, a hierarquia católica recomendou aos sacerdotes que sejam prudentes ao referir-se a este tema, razão pela qual eles optaram por calar-se.
O jornal La Prensa diz conhecer nomes de sacerdotes que manifestaram esta situação. Um deles expôs o seu problema por meio de redes sociais, nas quais os paroquianos se solidarizam e propõem correntes de oração pela segurança dos presbíteros.
Este sacerdote contou que, por meio de mensagens de texto recebidas na madrugada do dia anterior, advertiram-lhe que era melhor que os bispos se calassem ou, do contrário, poderiam ser assassinados. “Calem-se ou nós os matamos”, dizia o texto. O sacerdote comunicou o caso à ministra Ana Isabel Morales.
O bispo de León, César Bosco Vivas, qualificou de “covarde” qualquer ameaça contra os representantes da Igreja Católica e instou a denunciar à polícia qualquer tipo de intimidação. “Acho que é fácil rastrear algumas comunicações e ameaças de celulares, não acho que seja impossível. Se há ameaças, é melhor denunciar o caso a tempo, para que seja corrigido”, disse.
O prelado reconheceu implicitamente que a origem destes fatos pode dever-se a uma atitude crítica da Igreja: “As críticas que se vertem são com o desejo de que se corrijam os erros e, por parte da Igreja, estas denúncias foram feitas nas cartas e documentos nossos, mas não com o objetivo de provocar uma ruptura com o governo e menos ainda de tornar-nos um partido de oposição”, concluiu.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Testemunho de discernimento vocacional

Este é um testemunho escrito para o blog do CLJ, pelo próprio Sem. Rafael Castilhos, que já participou do EJU.
Com a autorização dele, estou publicando no nosso site, por achar uma leitura interessante, e também pelo fato do EJU ter ajudado no discernimento vocacional dele, como ele mesmo menciona no texto.

Rafael Castilhos: "o CLJ é o local apropriado para amadurecer na fé"
Publicado no dia 18/08/2011, por mkl (238 acessos).
___
Meu nome é Rafael Castilhos dos Santos, nasci em Gramado/RS, tenho dezenove anos. Eu sou o segundo de cinco irmãos. Desde pequeno minha mãe nos levava para a Santa Missa. Ainda que, muitas vezes, reclamássemos, ela, sabendo da importância do encontro com Cristo, nos carregava para a paróquia.
Em minha cidade havia um Padre muito querido e amado por toda a comunidade. A minha avó materna era muito católica e sempre realizava alguma das novenas de preparação para a quaresma ou do natal em nossa casa. Algumas vezes o Padre, que se chamava Mariano Callegari, participava das orações. Sempre nutri uma tenra admiração por ele. Quando tinha cinco anos de idade dizia aos quatro cantos que queria ser como o Padre Mariano. Não obstante, ao ingressar na escola parei de dizer que queria ser Sacerdote pois era motivo de brincadeira entre os colegas.
O tempo foi passando, fiz Primeira Comunhão, Crisma, participei do Coral, fui coroinha durante uns seis anos. Com frio ou com sol estava eu lá, na Santa Missa. Depois da Confirmação a minha freqüência caiu significativamente, não estava mais tão assíduo. Só queria saber dos meus amigos de escola. Jantava na casa dos colegas, longas tardes para fazer trabalhos de escola com os colegas, as vezes alugávamos alguns filmes para assistir. E assim ia minha vida, não ajudava nos deveres de casa e só queria saber de sair com os amigos. No ano de dois mil e um minha Mãe ficou grávida de um menino, mas para a família ficar completa faltava uma menina, e exatamente um ano depois veio a tão esperada maninha.
Desde pequeno sempre passei as minhas férias em Canela/RS. Estas foi a cidade onde meus pais moraram até eu nascer. Lá viviam alguns irmãos de meu pai, meus avôs paternos e também alguns parentes de minha mãe. Em dezembro de dois mil e cinco fui para a abertura do “Sonho de Natal”, em Canela, e já fiquei para passar as férias até fim de fevereiro de dois mil e seis. Mas aconteceu algo diferente, desta vez meu avô paterno me convidou para ir morar com ele. Ele estava doente com problemas de coração e minha avó já fazia quase dezenove anos que não caminhava mais devido a um AVC que paralisou um lado de seu corpo. Para mim foi um grande presente aquele convite, no inicio chorei um pouco, pensava nos meus amigos e de como lá seria diferente. Mas mesmo assim aceitei a proposta e voltei para casa antes de acabarem as minhas férias para arrumar as minhas coisas. Pedi aos meus pais e estes me autorizaram a mudança. Mas eles permitiram achando que eu não iria que era uma loucura da minha cabeça.
No dia oito de março de dois mil e seis cheguei a Canela e terminei o meu segundo grau naquela cidade. Comecei a dar mais valor a minha família quando saí de casa, as dificuldades começaram a aparecer, vinte seis dias depois meu avô faleceu. Minha avó não era aposentada, a pensão demorou a ser liberada. Morava na casa eu, minha tia Sirley (solteira, que sempre cuidou de meus avós) o Dirney meu tio, também solteiro. E não tínhamos muito dinheiro, eu não tinha conseguido emprego ainda, pois tinha apenas quatorze anos. Sentia-me muito mal em não poder ajudar.
Chegando a Canela, na primeira semana, fui convidado a fazer parte de um grupo de jovens chamado CLJ (Curso de liderança Juvenil). Minha tia me incentivou muito, ela era católica piedosa e vivia a espiritualidade da RCC. Conhecia esse movimento já que uma de suas filhas já havia participado e sabia, deste modo, da sua seriedade. Eu todo envergonhado, vindo de uma cidade pequena, aceitei o convite e fui. Que grande surpresa! A acolhida foi muito boa e todos os membros se mostraram solícitos; Seja Bem vindo! Que bom que você veio! Qual é seu nome? Que idade você tem? Depois de ter ficado um pouco afastado da Igreja aquela chama voltava a se acender. O tempo foi passando e tudo foi se acalmando. Deus tinha um grande propósito em minha vida, nada era por acaso.
Em Canela trabalhei em uma loja e fábrica de malhas. O meu cargo era de vendedor e às vezes, durante a semana, ajudava na separação de malhas quando vinham das máquinas de tecer. Meu relacionamento com colegas e chefes sempre foi muito bom, até hoje os visito. Meu segundo trabalho foi em uma fábrica de calçados. Eu colocava os atacadores (os cadarços) na esteira de produção do calçado antes de ir para colagem. Meu terceiro trabalho foi em um restaurante industrial (comidas para empresas grandes). Trabalhava na parte de entrega das comidas. Lembro de que meu patrão não me liberou para ir num retiro do CLJ, e como eu já tinha decidido que optaria sempre em primeiro lugar pelas coisas de Deus resolvi sair deste emprego. Meu quarto trabalho foi na secretaria paroquial de Canela, comecei na parte de atendimento, depois na contabilidade e assentamentos dos livros de batismo e casamento. O relacionamento com os Padres e funcionários também era muito bom.
Devido à importância do CLJ em minha caminhada vocacional, é mais do que justo destacar, no meu testemunho, como reflexo na minha vida, o seu papel essencial no conhecimento da fé e na compreensão do meu chamado. O CLJ me fez romper com os meus próprios paradigmas. No meu primeiro encontro eu sequer falava o meu nome devido à minha timidez. Não obstante, a partir de uma pequena brecha iniciei a interagir com os outros membros e a formar amizades. A motivação me fez não apenas buscar uma vida de coerência como a participação ativa nos eventos e Missas propostos pelo grupo.
A minha fé imatura e um tanto “burocrática” se chocou com a realidade profunda e baseada na experiência pessoal com Cristo entre aqueles que participavam do grupo. Deste modo, ao conhecer o CLJ eu conheci a minha fé, compreendê-la, amá-la e, acima de tudo, vivê-la conforme o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo. Essa experiência alicerçou os fundamentos sobre os quais se ergueu o edifício da minha vida enquanto cristão e, ao ouvir o chamado, da minha vida como vocacionado – ainda que indigno – ao sacerdócio.
Ademais, os frutos concretos do CLJ me impactaram e, de certo modo, ajudaram à entender não apenas o legado desse grupo mas, e principalmente, o seu sentido mais radical, isto é, esculpir um coração configurado ao Coração de Cristo. Dessa rica iniciativa surgiram casais, vocações, homens e mulheres de Deus, voltados para um único propósito; a santidade.
No CLJ eu redescobri o meu primeiro impulso, ainda que, naquela época, naturalmente infantil, ao sacerdócio. Assim, o grupo exerceu um papel crucial no florescimento da minha vocação. Foi o local apropriado para amadurecer na fé e no entendimento da vontade de Deus em minha vida.
Deus agia por meios desconhecidos. Talvez se não tivesse tido essa coragem não tivesse hoje no seminário já que fora aí que a vocação surgira com clareza. Algo me faltava! O CLJ me fazia tão bem, mas eu queria mais. Em seguida fui convidado para participar do retiro do EJU (Encontro de Jovens Universitários), ambiente que me ajudou no discernimento.
Na paróquia, na qual fui convidado a trabalhar por Pe. Edson, pude ver a importância que tem um sacerdote e a sede do povo de Deus pela graça. Trabalhei quase dois anos, participei de vários acontecimentos, pessoas que perdiam seus entes queridos e buscavam o seu consolo com os Sacerdotes. Ao analisar a ânsia com que os fiéis iam atrás dos Sacramentos: batismo, confissão, eucaristia, matrimônio, unção dos enfermos, crisma; a minha vocação se amadurecia. Em uma viagem a Novo Hamburgo, com o Pe. Edson, perguntei como era o processo para entrar no seminário, o que tinha que fazer se tinha que pagar e etc. Ele me respondeu, e perguntou: “mas quem quer saber?” Disse, então, “que um menino, foi na paróquia e perguntou, tinha vergonha de falar com o senhor, e como eu sou o secretário perguntou a mim”.
No outro dia marquei um horário na sua agenda e fui como se fosse o menino que tinha perguntado. Ele, então, questionou: “Cadê o menino?” Eu respondi: “Está aqui” O Padre riu! Falei de minha vocação! Pe. Edson, depois de me fortalecer com sábias palavras, disse que eu tinha que procurar o Pe. César Worst, reitor do seminário Propedêutico. Procurei e comecei a fazer os recolhimentos que o seminário oferecia, sem dúvida alguma um ponto de grande ajuda no amadurecimento da minha vocação. Até o final dos recolhimentos vocacionais eu não tinha dito nada a minha família, esperando maior clareza. Primeiro contei a minha tia com quem tinha mais liberdade, relatando toda a minha história. Ela destacara a necessidade de pedir perdão a minha mãe pelo mal que havia feito ao não ter aceitado a gravidez de meu ultimo irmão, de como ali se fazia a vontade de Deus já que ela tinha uma doença muito grave que foi curada graças a gestação. Mandei uma carta, pois não tinha como ir até a cidade onde eles moravam, pedindo perdão por tudo e revelando aos meus familiares o mais belo dom que Deus me dera; a vocação sacerdotal. Assim, dera início ao longo percurso de formação que tende, pela vontade de Deus, ao sacerdócio.
Hoje estou no Seminário Maria Mater Ecclesiae, em São Paulo. Entretanto, no Seminário Betânia eu estruturei as bases da minha formação em diversos campos formativos – espiritual, intelectual, afetivo e humano – e sobre elas pretendo continuar edificando uma morada – ainda que de argila – onde Deus habita.
Agradeço por todos que, direta ou indiretamente, me ajudaram na vocação e a redescobrir a figura de Jesus Cristo. O sacerdócio é uma graça dada aos homens, ainda sendo estes indignos. Levarei eternamente em meu coração a marca de um jovem jaquiranense que se encheu do amor do Senhor quando confrontado consigo mesmo e com a sua fé imatura no CLJ. Assim, agradeço e rezo pelo Sr. Bispo Dom Zeno Hastenteufel, fundador do Curso de Liderança Juvenil, quando sacerdote na arquidiocese de Porto Alegre. Que Deus conceda ao mundo e à Igreja iniciativas como esta que levam a Boa Nova de Jesus Cristo aos jovens sedentos pelo manancial da salvação.


Fonte: http://www.cljnh.com.br/noticias/exibe.php?id=285