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Pensamento do dia


"Como um viajante que erra o caminho e, assim que se apercebe, rapidamente retorna à estrada correta, assim também você continue a meditar sem se fixar nas distrações." (São Pio de Pietrelcina)

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Testemunho de discernimento vocacional

Este é um testemunho escrito para o blog do CLJ, pelo próprio Sem. Rafael Castilhos, que já participou do EJU.
Com a autorização dele, estou publicando no nosso site, por achar uma leitura interessante, e também pelo fato do EJU ter ajudado no discernimento vocacional dele, como ele mesmo menciona no texto.

Rafael Castilhos: "o CLJ é o local apropriado para amadurecer na fé"
Publicado no dia 18/08/2011, por mkl (238 acessos).
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Meu nome é Rafael Castilhos dos Santos, nasci em Gramado/RS, tenho dezenove anos. Eu sou o segundo de cinco irmãos. Desde pequeno minha mãe nos levava para a Santa Missa. Ainda que, muitas vezes, reclamássemos, ela, sabendo da importância do encontro com Cristo, nos carregava para a paróquia.
Em minha cidade havia um Padre muito querido e amado por toda a comunidade. A minha avó materna era muito católica e sempre realizava alguma das novenas de preparação para a quaresma ou do natal em nossa casa. Algumas vezes o Padre, que se chamava Mariano Callegari, participava das orações. Sempre nutri uma tenra admiração por ele. Quando tinha cinco anos de idade dizia aos quatro cantos que queria ser como o Padre Mariano. Não obstante, ao ingressar na escola parei de dizer que queria ser Sacerdote pois era motivo de brincadeira entre os colegas.
O tempo foi passando, fiz Primeira Comunhão, Crisma, participei do Coral, fui coroinha durante uns seis anos. Com frio ou com sol estava eu lá, na Santa Missa. Depois da Confirmação a minha freqüência caiu significativamente, não estava mais tão assíduo. Só queria saber dos meus amigos de escola. Jantava na casa dos colegas, longas tardes para fazer trabalhos de escola com os colegas, as vezes alugávamos alguns filmes para assistir. E assim ia minha vida, não ajudava nos deveres de casa e só queria saber de sair com os amigos. No ano de dois mil e um minha Mãe ficou grávida de um menino, mas para a família ficar completa faltava uma menina, e exatamente um ano depois veio a tão esperada maninha.
Desde pequeno sempre passei as minhas férias em Canela/RS. Estas foi a cidade onde meus pais moraram até eu nascer. Lá viviam alguns irmãos de meu pai, meus avôs paternos e também alguns parentes de minha mãe. Em dezembro de dois mil e cinco fui para a abertura do “Sonho de Natal”, em Canela, e já fiquei para passar as férias até fim de fevereiro de dois mil e seis. Mas aconteceu algo diferente, desta vez meu avô paterno me convidou para ir morar com ele. Ele estava doente com problemas de coração e minha avó já fazia quase dezenove anos que não caminhava mais devido a um AVC que paralisou um lado de seu corpo. Para mim foi um grande presente aquele convite, no inicio chorei um pouco, pensava nos meus amigos e de como lá seria diferente. Mas mesmo assim aceitei a proposta e voltei para casa antes de acabarem as minhas férias para arrumar as minhas coisas. Pedi aos meus pais e estes me autorizaram a mudança. Mas eles permitiram achando que eu não iria que era uma loucura da minha cabeça.
No dia oito de março de dois mil e seis cheguei a Canela e terminei o meu segundo grau naquela cidade. Comecei a dar mais valor a minha família quando saí de casa, as dificuldades começaram a aparecer, vinte seis dias depois meu avô faleceu. Minha avó não era aposentada, a pensão demorou a ser liberada. Morava na casa eu, minha tia Sirley (solteira, que sempre cuidou de meus avós) o Dirney meu tio, também solteiro. E não tínhamos muito dinheiro, eu não tinha conseguido emprego ainda, pois tinha apenas quatorze anos. Sentia-me muito mal em não poder ajudar.
Chegando a Canela, na primeira semana, fui convidado a fazer parte de um grupo de jovens chamado CLJ (Curso de liderança Juvenil). Minha tia me incentivou muito, ela era católica piedosa e vivia a espiritualidade da RCC. Conhecia esse movimento já que uma de suas filhas já havia participado e sabia, deste modo, da sua seriedade. Eu todo envergonhado, vindo de uma cidade pequena, aceitei o convite e fui. Que grande surpresa! A acolhida foi muito boa e todos os membros se mostraram solícitos; Seja Bem vindo! Que bom que você veio! Qual é seu nome? Que idade você tem? Depois de ter ficado um pouco afastado da Igreja aquela chama voltava a se acender. O tempo foi passando e tudo foi se acalmando. Deus tinha um grande propósito em minha vida, nada era por acaso.
Em Canela trabalhei em uma loja e fábrica de malhas. O meu cargo era de vendedor e às vezes, durante a semana, ajudava na separação de malhas quando vinham das máquinas de tecer. Meu relacionamento com colegas e chefes sempre foi muito bom, até hoje os visito. Meu segundo trabalho foi em uma fábrica de calçados. Eu colocava os atacadores (os cadarços) na esteira de produção do calçado antes de ir para colagem. Meu terceiro trabalho foi em um restaurante industrial (comidas para empresas grandes). Trabalhava na parte de entrega das comidas. Lembro de que meu patrão não me liberou para ir num retiro do CLJ, e como eu já tinha decidido que optaria sempre em primeiro lugar pelas coisas de Deus resolvi sair deste emprego. Meu quarto trabalho foi na secretaria paroquial de Canela, comecei na parte de atendimento, depois na contabilidade e assentamentos dos livros de batismo e casamento. O relacionamento com os Padres e funcionários também era muito bom.
Devido à importância do CLJ em minha caminhada vocacional, é mais do que justo destacar, no meu testemunho, como reflexo na minha vida, o seu papel essencial no conhecimento da fé e na compreensão do meu chamado. O CLJ me fez romper com os meus próprios paradigmas. No meu primeiro encontro eu sequer falava o meu nome devido à minha timidez. Não obstante, a partir de uma pequena brecha iniciei a interagir com os outros membros e a formar amizades. A motivação me fez não apenas buscar uma vida de coerência como a participação ativa nos eventos e Missas propostos pelo grupo.
A minha fé imatura e um tanto “burocrática” se chocou com a realidade profunda e baseada na experiência pessoal com Cristo entre aqueles que participavam do grupo. Deste modo, ao conhecer o CLJ eu conheci a minha fé, compreendê-la, amá-la e, acima de tudo, vivê-la conforme o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo. Essa experiência alicerçou os fundamentos sobre os quais se ergueu o edifício da minha vida enquanto cristão e, ao ouvir o chamado, da minha vida como vocacionado – ainda que indigno – ao sacerdócio.
Ademais, os frutos concretos do CLJ me impactaram e, de certo modo, ajudaram à entender não apenas o legado desse grupo mas, e principalmente, o seu sentido mais radical, isto é, esculpir um coração configurado ao Coração de Cristo. Dessa rica iniciativa surgiram casais, vocações, homens e mulheres de Deus, voltados para um único propósito; a santidade.
No CLJ eu redescobri o meu primeiro impulso, ainda que, naquela época, naturalmente infantil, ao sacerdócio. Assim, o grupo exerceu um papel crucial no florescimento da minha vocação. Foi o local apropriado para amadurecer na fé e no entendimento da vontade de Deus em minha vida.
Deus agia por meios desconhecidos. Talvez se não tivesse tido essa coragem não tivesse hoje no seminário já que fora aí que a vocação surgira com clareza. Algo me faltava! O CLJ me fazia tão bem, mas eu queria mais. Em seguida fui convidado para participar do retiro do EJU (Encontro de Jovens Universitários), ambiente que me ajudou no discernimento.
Na paróquia, na qual fui convidado a trabalhar por Pe. Edson, pude ver a importância que tem um sacerdote e a sede do povo de Deus pela graça. Trabalhei quase dois anos, participei de vários acontecimentos, pessoas que perdiam seus entes queridos e buscavam o seu consolo com os Sacerdotes. Ao analisar a ânsia com que os fiéis iam atrás dos Sacramentos: batismo, confissão, eucaristia, matrimônio, unção dos enfermos, crisma; a minha vocação se amadurecia. Em uma viagem a Novo Hamburgo, com o Pe. Edson, perguntei como era o processo para entrar no seminário, o que tinha que fazer se tinha que pagar e etc. Ele me respondeu, e perguntou: “mas quem quer saber?” Disse, então, “que um menino, foi na paróquia e perguntou, tinha vergonha de falar com o senhor, e como eu sou o secretário perguntou a mim”.
No outro dia marquei um horário na sua agenda e fui como se fosse o menino que tinha perguntado. Ele, então, questionou: “Cadê o menino?” Eu respondi: “Está aqui” O Padre riu! Falei de minha vocação! Pe. Edson, depois de me fortalecer com sábias palavras, disse que eu tinha que procurar o Pe. César Worst, reitor do seminário Propedêutico. Procurei e comecei a fazer os recolhimentos que o seminário oferecia, sem dúvida alguma um ponto de grande ajuda no amadurecimento da minha vocação. Até o final dos recolhimentos vocacionais eu não tinha dito nada a minha família, esperando maior clareza. Primeiro contei a minha tia com quem tinha mais liberdade, relatando toda a minha história. Ela destacara a necessidade de pedir perdão a minha mãe pelo mal que havia feito ao não ter aceitado a gravidez de meu ultimo irmão, de como ali se fazia a vontade de Deus já que ela tinha uma doença muito grave que foi curada graças a gestação. Mandei uma carta, pois não tinha como ir até a cidade onde eles moravam, pedindo perdão por tudo e revelando aos meus familiares o mais belo dom que Deus me dera; a vocação sacerdotal. Assim, dera início ao longo percurso de formação que tende, pela vontade de Deus, ao sacerdócio.
Hoje estou no Seminário Maria Mater Ecclesiae, em São Paulo. Entretanto, no Seminário Betânia eu estruturei as bases da minha formação em diversos campos formativos – espiritual, intelectual, afetivo e humano – e sobre elas pretendo continuar edificando uma morada – ainda que de argila – onde Deus habita.
Agradeço por todos que, direta ou indiretamente, me ajudaram na vocação e a redescobrir a figura de Jesus Cristo. O sacerdócio é uma graça dada aos homens, ainda sendo estes indignos. Levarei eternamente em meu coração a marca de um jovem jaquiranense que se encheu do amor do Senhor quando confrontado consigo mesmo e com a sua fé imatura no CLJ. Assim, agradeço e rezo pelo Sr. Bispo Dom Zeno Hastenteufel, fundador do Curso de Liderança Juvenil, quando sacerdote na arquidiocese de Porto Alegre. Que Deus conceda ao mundo e à Igreja iniciativas como esta que levam a Boa Nova de Jesus Cristo aos jovens sedentos pelo manancial da salvação.


Fonte: http://www.cljnh.com.br/noticias/exibe.php?id=285

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