Ainda estamos vivendo as alegrias
do Tempo Pascal. No embalo do finalzinho deste tempo, queremos hoje com nossa
reflexão entender um pouco mais de uma das aparições do Cristo Ressuscitado aos
seus discípulos na Galileia. Esta não se trata de mais uma das manifestações da
sua Ressurreição, mas ao contrário é uma aparição única e especial como todas
as outras.
Nossa
partilha de hoje nos pões diante do Lago de Tiberíades no contexto do Capítulo
21 de João. A paisagem aí tem cores de saudades misturadas a um sabor de
frustração. Os discípulos que pareciam não ter entendido ainda a Páscoa do
Senhor, saíram tristes, “pescaram a noite inteira e nada
apanharam”. Voltando do
insucesso da pescaria, eles encontraram o Bom Mestre na praia e não o
reconheceram. Isso aqui é interessante, pois ao que parece esta dificuldade em
reconhecê-lo seria fruto de uma incompreensão interior. As frustrações das
expectativas que são geradas em nós muitas vezes vendam nossos olhos. Mal
conseguimos ver os fatos em sua totalidade. Quando estamos frustrados,
reconhecer o outro como ele é, parece ser um exercício quase que impossível.
Bem, a cena deste cenário pascal se segue... E
entre o Mestre e os seus discípulos se estabelece um diálogo traduzido num pedido
e em uma resposta. Diálogo que tem a fascinante capacidade de aproximar,
quebrar barreiras, romper impressões... E, após algum tempo de conversa “aquele discípulo que Jesus amava,
disse a Pedro: É o Senhor! (Jo 21, 17). Aqui temos velado um lindo
ensinamento: os olhos sempre reconhecem a face do Amor com que ele é
profundamente amado. E não por acaso, os olhos nesta cena são daquele mesmo
discípulo, cujo compasso e movimento das pernas era veloz quando foi conferir a
Ressurreição do Amor. É como bem nos recorda João: “(...) corriam juntos, todavia, o
discípulo a quem Jesus amava correu mais depressa que Pedro e chegou primeiro
ao Sepulcro” (Jo 20, 2-4).
Ao
me deparar com esse texto, fico pensando como precisamos crescer nesta graça de
deixar nossa boca exclamar aquilo que nossos olhos contemplam quando está
diante da face do Amor! Particularmente gosto de pensar como precisamos gritar
para o mundo aquilo que nossos olhos reconhecem em cada missa: “É o Senhor!” Crer no
milagre da Ressurreição é reconhecer a face do Amor. Isso é magnifico! Contudo,
para tanto é preciso deixar-se ser profundamente amado! Não existe outro
caminho, senão o de reclinar como João, nossa cabeça no peito do Mestre e ali
deixar-se ser amado por Ele a fim de depois reconhecê-lo!
Jerônimo Laurício
Nenhum comentário:
Postar um comentário